sexta-feira, 14 de novembro de 2008

pés molhados... alma livre...


Bem cedo...
a brisa do mar vem me buscar...
Me põe de pé...
me faz perseguí-la pelos corredores...
pelas ruas... estreitas...
molhadas...
Até a orla...

Ainda está amanhecendo...
Sob o horizonte dourado, marco um traço...
um limite entre a onda que me alcança os pés... e a areia ainda molhada...
dura... onde a água salina penetra... se esvai...

Respiro fundo... olho o mar... caminho em paralelo...
Ouço as ondas quebrarem... ouço o mar vindo... e recuando...
Ouço os pássaros famintos... mergulham... e às vezes dão sorte... ou não...

Ergo os braços... espreguiço-me... respiro... inspiro...
purifico... fecho os olhos... e os abro em direção ao horizonte...

Peço permissão e proteção... entro aos poucos...
molho as pernas... sinto o gelado... neutralizando meu corpo que ferve...
molho à atura do quadril... do peito... inspiro... molho os braços...

Então... não há mais som... estou sob a água...
Estou onde o oxigênio e o hidrogênio se misturam... estou... sou...
Sou parte dele... me aquieto... e a minha mente...
Escuto a minha respiração e me lembro de subir a superfície...

Torno a mergulhar... no mar.. em mim...
no silêncio... na imensidão...
Por tantas vezes o silêncio me permitir...
Por tantas vezes a alma pedir... precisar...

Após a batida de tantas ondas... encontro a calmaria...
Plena... como meu corpo exausto pede...
e minha alma se encontra...

de maneira cíclica... como os dias... as fases... a vida...
Torno ao encontro das ondas...
Retorno a terra...
Retorno ao barulho...

Retorno a mim...

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