quarta-feira, 7 de maio de 2008

jardim secreto


Pela manhã... enquanto todos dormem... e meu corpo ainda descansa,
caminho pelo bosque que me leva a uma porta... já tomada pelo musgo realçado pelas gotas de orvalho da noite fria... e com uma das duas chaves... abro e sinto o frescor do jardim,
Do jardim secreto...

O perfume das flores que a tanto plantei... rosas, lilás, amarelas... até as azuis, que ficam ao lando do balanço... uma tábua de madeira pendurada por duas cordas... como podem resistir por tanto tempo... e sento ali...
me aconchego...
fecho os meus olhos enquanto a leve brisa me faz pensar...
um sorriso, discreto ainda... mas feliz, realça...
O frescor das flores e das plantas... parece banhar a minha face...

abro meus olhos em meio aos primeiros raios que iluminam aquele pequeno jardim...
os ninhos começam a estalar... os bebês já estão com fome...
então me levanto... e vou procurar as daninhas...
todos os dias, as separo das minhas lindas flores...
o riacho refresca e dá de beber aos pequenos...

refúgio que guarda em suas paredes mais que beleza...
sonhos... suspiros... e a esperança de ser aberto pelas duas chaves...
de ouvir ranger o velho metal... que não por mim...
no jardim onde não há máscaras... onde sonhamos como crianças...
onde sentimos como adolescentes... e enamoramos como adultos...

Então... após cumpridas e refeitas novas promessas...
cuidado das plantas... do riacho... dos pequenos que dão vida àquele lugar...
me retiro... trancando novamente o meu jardim primaveril...
voltando pelo bosque de folhas de outono...

guardo a minha chave em meu peito... e volto para a minha cama... sonhando... sonhando...